Conab emprega ex dos US$ 15 milhões

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Conhecido feudo do PMDB, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) abriga em seus quadros gente muito próxima dos favoritos para comandar o Congresso Nacional a partir de fevereiro. Rodrigo Rodrigues Calheiros, um dos filhos do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), candidato a presidir o Senado, recebe R$ 10,5 mil mensais como assessor de Contratos Especiais da presidência do órgão. Mônica Infante Azambuja, ex-mulher do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que pleiteia a presidência da Câmara, tem salário de R$ 10,1 mil como assessora de diretoria.

Rodrigo, de 28 anos, está na companhia desde abril de 2011, mas não é assíduo no trabalho, segundo servidores. Ontem à tarde, a secretária da Diretoria de Gestão de Pessoas, onde Rodrigo deveria despachar, informou que o servidor não estava:

Não sei se ele está de férias. Não está vindo nesses dias.

Mas no site oficial da Conab, no relatório onde aparece a situação funcional dos servidores, Rodrigo aparece como trabalhando.

Mônica é designer gráfica e chegou à Conab em julho de 2011. Ambos ingressaram no órgão quando o ministro da Agricultura, pasta a qual a Conab é subordinada, era Wagner Rossi, um político do PMDB, com vínculos com o vice-presidente da República, Michel Temer. Denúncias de irregularidades afastaram Rossi da pasta.

Em 2002, quando Alves surgiu como vice de José Serra (PSDB) na coligação que disputaria a Presidência, Mônica acusou o ex-marido de ter dinheiro depositado em paraísos fiscais. O caso derrubou Alves da dobradinha com Serra. Foi substituído por Rita Camata (PMDB-ES). Mônica passou pela Infraero e entrou numa lista de demissionários da empresa. Alves brigou para mantê-la no cargo.

Rodrigo é lotado na presidência da Conab, mas sua mesa está instalada na diretoria de Gestão de Pessoas, cujo diretor é Rogério Abdalla, homem do PMDB, que está na companhia pelas mãos de Wagner Rossi. Abdalla é ligado à cúpula do PMDB. Foi ele quem se encarregou de levar Mônica e Rodrigo à Conab. Mônica trabalha na diretoria de Operações e Abastecimento, cujo diretor é Marcelo de Araújo Melo, candidato derrotado em Goiás como vice de Iris Rezende. Mônica chegou a ser assessora da presidência, na gestão de Evangevaldo dos Santos, ligado ao PTB, mas que obedecia aos pedidos do PMDB.

A Conab informou, por sua assessoria, que há cargos na assessoria da presidência e diretorias da Conab que são de livre nomeação, e que tais indicações são políticas. A companhia informou ainda que não só o PMDB indica pessoas, mas que, apesar do componente político, são competentes. Os partidos da base aliada e outras legendas indicam pessoas qualificadas para o cargo, e o governo promove as nomeações. Tanto Rodrigo quanto Mônica foram contratados na época de Rossi (como ministro), e foram mantidos pela continuidade do cumprimento de suas funções.

Alves informou, pela assessoria, que não comentaria o assunto. A assessoria de Renan não retornou os contatos.

O presidente da Associação dos Servidores da Conab, Sérgio Camelo, criticou indicações políticas:

O critério de escolha sempre deveria ser técnico.

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