Jogador da seleção sub-20 de basquete, vítima do incêndio em Santa Maria foi velado em quadra

Na Folha de São Paulo

Foi no ginásio de basquete do Corinthians de Santa Cruz do Sul (RS) que Nestor Raschen decidiu realizar o velório do filho Matheus Rafael Raschen, 20 anos, a 236ª vítima do incêndio na boate Kiss, ocorrido no último domingo (27).

Era ali que Matheus costumava passar as tardes treinando antes de se mudar para Santa Maria. O destaque no basquete o levou à seleção brasileira sub-18.

Matheus estava internado desde domingo no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, que recebeu os feridos com queimaduras graves. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, ele havia sofrido queimaduras de terceiro grau em quase 50% do corpo e morreu por volta das 21h45 de quinta-feira (31).

Com 1,90m de altura, Matheus foi ala-armador nas categorias de base do Corinthians, tradicional clube de basquete gaúcho.

Matheus também jogou no Campo Mourão, do Paraná. Em 2010, ele foi o capitão da seleção gaúcha sub-18, que ficou em terceiro lugar no campeonato brasileiro de seleções realizado em Brasília. A atuação no torneio o levou à seleção brasileira da categoria.

"Era um garoto bem quisto, um jogador solidário que pensava nos outros. Até por isso, estava saindo da boate e voltou para ajudar os amigos dele", conta Athos Calderaro, treinador de Matheus nas categorias de base do Corinthians. Segundo relatos, ele estaria próximo da porta de saída, mas decidiu permanecer no interior da boate para socorrer amigos.

Destaque no basquete, Matheus optou por continuar os estudos porque, para jogar profissionalmente depois dos 20 anos, teria que sair do Estado, já que o Rio Grande do Sul não possui equipe profissional. Ele cursava Tecnologia em Alimentos na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria).

Consternação


Amigo da família, o ex-prefeito de Santa Cruz do Sul José Alberto Wenzel relata que a cidade vive um clima de "consternação generalizada".

Pela manhã, filas se formavam no ginásio do Corinthians próximo ao caixão de Matheus, posicionado próximo a uma das cestas de basquete. O placar eletrônico do ginásio mostra o nome do jovem e marca o número 20, idade em que ele morreu.

"O Matheus era muito conhecido. Não era uma promessa do basquete, mas uma realidade", afirma Wenzel.

Matheus era o caçula dos três filhos de Núria e Nestor, vice-diretor do Colégio Mauá. O casal já havia perdido o filho do meio há três anos, devido a problemas de saúde, segundo Wenzel.

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