Segurança afirma que pessoas foram barradas em boate de Santa Maria, "mas foi questão de segundos"

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O segurança Roberto Cardoso Tavares, 45, recebeu alta do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, nesta sexta-feira (1º). Ele trabalhava na boate Kiss, em Santa Maria (RS), na noite do incêndio que matou 236 pessoas. Segundo ele, no princípio da confusão, algumas pessoas foram barrados na saída, pois os seguranças não sabiam do que se tratava, mas foi tudo muito rápido.



"O que houve é que quando começou, quando os primeiros tentaram sair, acharam que era uma briga, uma confusão. Daí barraram por causa da comanda. Mas não foi por isso que ocorreu a tragédia. Não seriam três seguranças que estavam na porta que barrariam toda aquela gente. Foi questão de segundos. Barraram um, em seguida já viram o caso e liberaram, passaram a ajudar todos a saírem o mais rápido possível", contou Tavares em entrevista ao UOL.

De perto da porta, os seguranças não tinham contato visual com o palco, segundo ele. Logo, não tinham como saber do incêndio. Mas assim que perceberam o que estava acontecendo, liberaram todos e passaram a ajudar na saída.

"Eu estava perto da saída, não via muito bem o palco. Quando começou, achamos que era briga, depois vi pessoas já caídas e comecei a tirar o máximo de gente que eu conseguia de dentro da boate. Vim puxando todos que conseguia. Tinha gente caída pelo chão, gente correndo, gente muito assustada com o que havia. Fui puxando todos", repetiu.

O segurança acredita que conseguiu tirar do incêndio cerca de 50 pessoas. Sem ferimentos tão graves, Tavares foi internado por inalar a fumaça tóxica. Ele passou mal na tarde de domingo e foi transferido para Porto Alegre em seguida.

"À tarde comecei a passar mal. Faltou ar, fechou o pulmão. Mas acho que a equipe toda [da segurança] salvou mais de 100 pessoas. Pena que tive colegas que morreram. Foi algo muito triste, algo que jamais se imaginaria", disse.

Para Roberto, não houve superlotação da casa ou, pelo menos, ele disse que houve dias em que a boate já teve mais gente. "A boate estava com os números normais de gente. É que era uma festa universitária. Os cursos se juntavam para fazer a festa chamada 'Agromerados'. Posso dizer que foi um dia normal, que já teve vezes em que a boate recebeu mais gente", finalizou.

Ao fim da rápida conversa com a reportagem do UOL --pois ainda se recupera dos efeitos da fumaça tóxica e, ao falar muito, acaba provocando tosse-- ele disse: "nasci novamente".

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