Mensalão do DEM

Por Laire Rosado

Véspera do Natal, momento de reflexão, de perdão e de reconhecimento. No Rio Grande do Norte, esse clima será diferente nos meios políticos. O Tribunal Regional Eleitoral trabalha com muitos processos que pedem a cassação de prefeitos e candidatos no último pleito. O encerramento do mensalão, no Supremo Tribunal Federal, abriu espaço para a discussão do mensalão tucano e, na passagem, do mensalão do DEM, envolvendo o senador José Agripino Maia. No último final de semana, a revista “IstoÉ” divulgou ampla matéria envolvendo a governadora Rosalba Ciarlini e o senador potiguar. Repetiu matéria já publicada anteriormente acrescida de fatos que ocorreram nas últimas eleições municipais, nesta cidade. As edições da “IstoÉ” sumiram das bancas, evitando a propagação do que foi reportado, mas a Internet, que se constitui no maior meio de acessos dos leitores, possibilita o acesso aos que não puderam adquirir a revista semanal. Esse é um dos efeitos imediatos da mídia eletrônica.
O mensalão tucano, mensalão mineiro ou tucanoduto foi a denúncia de peculato e lavagem de dinheiro durante a campanha para a eleição do deputado Eduardo Azeredo, um dos fundadores e presidente do PSDB nacional, ao governo de Minas Gerais, em 1998. O procurador-geral da República, Antônio Fernandes de Souza, denunciou 15 políticos, incluindo secretários do governador Aécio Neves. Essa foi a origem do mensalão que chegou ao conhecimento público em 2004, envolvendo um diretor da EBCT e, depois, com a entrevista bombástica do deputado Roberto Jefferson, em 2005, responsável pela criação do neologismo, mensalão. Agora, no revide, procura-se envolver não apenas Eduardo Azeredo, mas também o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, candidato à reeleição para a Presidência da República, teria sido beneficiado com esses recursos. Os representantes da oposição não entendem como, com tanto bombardeio, a imagem de Lula é preservada e Dilma lidera as pesquisas.
A revista “IstoÉ” recebeu subsídios suficientes para exigir explicações aos que foram acusados. Pode-se admitir que essa foi a intenção, mas despertou a curiosidade do eleitor potiguar. Na eleição mossoroense, houve exagero no uso do poder econômico. E político também. Apesar de distante dos fatos citados no mensalão do DEM, deu margem para que o assunto fosse explorado. Para complicar os fatos, a Receita Federal deflagrou operação fiscal onde o principal financiador dessa campanha está envolvido, concorrendo para maior luminosidade nos refletores. A governadora Rosalba, que teve comportamento incompatível com o cargo que ocupa, também foi envolvida, com a projeção de fatos que não lhe interessa expor. Com tantos problemas administrativos a enfrentar, o melhor seria confraternizar com todos, amigos, correligionários e adversários, no período natalino e nas festas de final de ano. Ao que parece, isso não acontecerá, mais por responsabilidade dos governistas do que dos adversários.
Em Mossoró, pelo que se observa, houve arrefecimento nas agressividades veiculadas nas mídias sociais. A dúvida em relação ao que acontecerá nos próximos dias no quadro sucessório favorece essa condição. Os demistas acreditam na volta de Cláudia Regina. A oposição tem certeza que será realizada uma outra eleição. Outros grupos procuram algum espaço onde possam investir e colher algum resultado político favorável. A cidade, de uma maneira geral, está atônita, insegura. O Tribunal Regional Eleitoral voltará a ser reunir a partir do dia 7 de janeiro, podendo trazer mais novidades relacionadas à política mossoroense. Sendo assim, o melhor é aproveitar todo esse espaço de tempo e, num esforço maior, abrir o coração de cada um, procurando absorver o espírito natalino. Isso fará bem ao espírito e trará benefícios a todos. De minha parte, desejo Feliz Natal a todos, indistintamente. De uma maneira ou de outra, a vitória pode ser de todos.

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