Vai ter Copa

Eu acompanho a Copa do Mundo desde 1986. Tinha tabelinha com mascote na capa e uma cartela de bandeirinhas para recortar e colar os classificados para as fases subsequentes. Lembram? Eram seis grupos, não oito. Desse modo, se classificam alguns terceiros colocados para as oitavas de final.
Chorei quando perdemos nos penaltis para a França de Platini.
Não chorei, mas marcou muito negativamente a derrota para a Argentina em 90 - por que Alemão não fez aquela falta? Por que Muller perdeu aquele gol dentro da pequena área quando já estava 1 a 0 o jogo.
Me acostumei a não ter aula em dia de jogo do Brasil. Sai mais cedo da escola e fui à casa de um amigo de minha avó. Ali vi um de meus ídolos da infância, Pumpido, quebrando a perna na partida contra a URSS. E nasceu outro ídolo: Goigoechea, pegando penaltis adoidado e levando a limitada Argentina à final contra a Alemanha. Não pegou o pênalti mais importante, de Brehme, na final.
Tive raiva de Parreira em 1994 com seu time sem criatividade. Torci para que Mazinho virasse titular. Adorei o primeiro tempo da semi-final contra a Suécia. Lembro do beijo na trave de Pagliuca depois de quase tomar um frango. Lembro de Viola entrando na prorrogação e quase fazendo um golaço. Seria do título. Assisti a partida de quartas-de-final, emocionante demais, contra a Holanda, com amigos da escola na casa de praia de Thiago de Góes.
Achei o time de 98 fraco, mas chegou à final. E que estranha final, hein? Todo mundo sabia que havia algo errado com Ronaldo.
Assisti os jogos madrugadas afora na Copa de 2002.
Em 2006, lamentei que o meio-campo dos sonhos, dos Rs, não tenha funcionado. E tive vontade de amarrar os cadarços de Roberto Carlos.
Na Copa de 2010, me acostumei com o calendário que nos permitia assistir os jogos nos auditórios da Petrobras. Assisti a eliminação contra a Holanda ao lado de meus chefes e colegas. Me encantei com o time da Alemanha. Uma pena que aquele futebol não chegou à final.
Diante de tudo isso, por favor, não me venha falar que "Não vai ter Copa". Amo futebol e Copa do Mundo desde que me entendo por gente.
E falo como alguém que apoiou a luta contra a sonegação e a diminuição de direitos promovidos pela Copa. Não é a Copa que eu queria que tivéssemos, com respeito irrestrito aos direitos dos atingidos, com estádios construídos com naming rights, com um legado real para as cidades.
Mas amo futebol e Copa do Mundo. E vai sim ter Copa. E vai ser a Copa das Copas. E eu quero ver o jogo do Brasil em Fortaleza e Uruguai e Itália em Natal.

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