A briga entre a Globo e a Folha em torno do BBB

Por Paulo Nogueira
No Diário do Centro do Mundo

Censurado
Quando as coisas vão bem, ninguém briga. Mas quando a crise bate os ânimos ficam à flor da pele.

É este o pano de fundo para a decisão da Globo de proibir o UOL e alguns outros sites de cobrir o BBB 14.

Todas as audiências da Globo caem aceleradamente, sob o impacto da internet – incluída a do BBB.

O que a Globo provavelmente imaginou é que parte da audiência perdida pelo BBB está no UOL e em outros portais.

Vai ser interessante observar se o Ibope trôpego do BBB se recupera com a novidade. Tenho, para mim, que é o clássico triunfo da esperança.

Senti uma certa satisfação com a notícia porque me lembrei do que a Folha, dona do UOL, fez com a Falha. A mesma pressão econômica pela justiça, a mesma censura, a mesma agressão à liberdade de expressão.

Ri sozinho, também, ao ler a nota do UOL. O portal se orgulhava de ter feito “a melhor cobertura” do BBB em suas 14 edições.

Pausa para gargalhar.

Ora, você deve se orgulhar de coisas relevantes. Fazer a melhor cobertura das manifestações, ou das eleições, ou da chegada do homem à Lua, e por aí vai.

Mas do BBB, o símbolo máximo da frivolidade idiota da televisão?

É briga de sócios (são donos em conjunto do Valor), mas söcios que se detestam. Lembro de Roberto Irineu Marinho se referindo aos Frias, numa reunião na Globo, como “os anões da Barão de Limeira”.

O episódio expõe também uma esquisitice brasileira. Os concorrentes da Globo dão um espaço absurdo à emissora, o que apenas a ajuda na captura de mais de 50% da receita publicitária do país.

A própria Folha ainda hoje mantém uma coluna diária sobre o mundo da televisão quando seus leitores já estão amplamente conectados na internet, e distantes de novelas, telejornais e coisas do gênero.

Será que os editores da Folha não acompanham o Ibope da Globo? Ou os movimentos de seus leitores rumo à internet?

É patética a reação do UOL: avisou a seus leitores que continuará a dar toneladas de conteúdo do BBB na Folha e em outros sites da empresa.

Ora, isto é o que “o jornal a serviço do Brasil” tem a fazer numa situação de enfrentamento?

Ora, que a Folha tenha uma reação máscula.

Fica aqui a sugestão de que o jornal cubra, enfim, o escândalo documentado da sonegação da Globo na Copa de 2002.

O selo da campanha já está dado: “Mostra o Darf!”

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