Auditoria das eleições é erro político do PSDB

Por Kennedy Alencar
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O PSDB fez ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um pedido de auditoria especial no sistema de votação e de contagem de votos. É um direito do partido apresentar tal pleito. Mas, ao mesmo tempo, é um erro político.

O deputado federal Carlos Sampaio, coordenador jurídico do PSDB, afirma que não se trata de um pedido de recontagem de votos, mas de uma checagem sobre o processo eletrônico de votação e de apuração. Sampaio também diz que o TSE se comportou de modo imparcial e que o partido não está questionando a lisura do processo. Afirma não ter prova de eventuais fraudes.

No entanto, a mensagem que o PSDB transmite é a de contestação do resultado. Lança um voto de desconfiança sobre o sistema de votação e apuração baseado em mensagens que os tucanos estão recebendo nas redes sociais.

Segundo Sampaio, a auditoria especial com técnicos do TSE e dos partidos seria uma forma de acabar com uma dúvida que há no país.

A democracia brasileira está consolidada e tem instituições sólidas. Tivemos a sétima eleição presidencial seguida. O PSDB esteve na Presidência durante oito anos e polariza a disputa presidencial com o PT há 20 anos. Para fazer um pedido dessa natureza, seria importante que o partido tivesse evidências e indícios de eventuais fraudes.

O pedido de auditoria acirra ainda mais o clima beligerante entre governo e oposição. O PSDB alimenta radicais nas redes sociais e, de certa forma, dá crédito a teorias conspiratórias.

Carlos Sampaio afirmou também que Aécio Neves, o candidato do PSDB à Presidência, disse ver lógica e sentido no pedido. Mas há pouca lógica e sentido. Desde a redemocratização, em 1985, nunca houve uma contestação séria feita por um partido político relevante ao resultado eleitoral.

Eleição se ganha ou se perde. E todos aceitam o resultado. Instaurar um sentimento de desconfiança em relação ao processo de votação e apuração parece um retrocesso político. Evoca a República Velha, uma política pré-revolução de 30, quando fraudes eram comuns e uma parcela pequena da população tinha direito a voto.

Os tucanos fariam melhor se buscassem entender como perderam uma eleição em que 70% dos eleitores queriam mudança. Faltou conexão com a vida real do cidadão. Melhor gastar energia com isso do que endossar acusações sem evidências ou indícios espalhadas nas redes sociais.

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