
O encontro foi aberto pela Profª. Dulce Bentes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Ela explicou os objetivos do comitê e a necessidade de mobilização das comunidades para lutarem pelos seus direitos. "Nossa preocupação é com os efeitos que os projetos podem causar, muitos problemas relacionados aos direitos e moradia, além de buscar uma melhor organização, visando o monitoramento dessas obras na perspectiva dos direitos humanos", relatou. "Queremos que a Copa deixe um saldo positivo na nossa cidade", acrescentou o advogado Marcos Dionísio, uma das lideranças do Comitê.
O encontro contou com a participação do secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Obras Publicas e Infra-Estrutura, Walter Fernandes, lembrando que os recursos não viriam para Natal se não fosse à Copa. "Só de drenagem serão R$ 126 milhões", disse, informando que as obras serão iniciadas pela Urbana e que a relação de imóveis que serão desapropriados ainda estão sendo finalizada. "Estamos buscando otimizar o máximo de espaço para diminuir o impacto dessas desapropriações. Daqui para o final do ano vamos ter que conversar muito e buscar soluções para as diversas situações", disse, visivelmente constrangido ante o apelo dos moradores por informações que ele próprio não detinha. Como forma de amenizar o clima garantiu que até o final do ano todas as informações sobre as obras serão disponibilizadas no site da Prefeitura Municipal de Natal.
Logo em seguida, a arquiteta e urbanista do comitê, Rosa Pinheiro, deu uma verdadeira aula sobre o Plano Diretor de Natal, lei que orienta a política de serviços urbanos, citando que a Copa representa uma oportunidade de melhorar a infra-estrutura urbana, aperfeiçoar o serviço público, gerar negócios, postos de trabalho, melhorar a distribuição de renda, consolidar a vocação turística da cidade. No entanto, ressaltou, é preciso que haja transparência. "A sociedade precisa apresentar as necessidades e saber cobrar. É preciso garantir a participação do cidadão no processo de construção da cidade", disse.
Para Dulce, o fato de não se dar oportunidade da população estar definindo suas prioridades representa um grande problema. "O Governo e a prefeitura tinham a obrigação de estar debatendo com a população estes assuntos". Segundo Marcos Dionísio, "se não tiver uma mobilização, e uma vigilância é possível que apenas um pequeno grupo de pessoas seja beneficiado". Enfatizou, lembrando que a falta de transparência e de dialogo dos governos estadual e municipal é visível. Um exemplo disso é o atraso na implementação das câmaras técnicas para discutir temas como educação, saúde, cultura, segurança, mobilidade urbana e qualificação profissional, gerando muitas especulações e dúvidas.
Marcos Dionísio lembrou que vários órgãos, como a Controladoria, o Ministério Público e o Tribunal de Contas, entre outros, estão monitorando as obras, podendo ser acionados pelos conselhos comunitários, quando necessário. Da mesma forma, o Comitê Popular da Copa conta com advogados populares e estudantes universitários de Direito, prontos a atender os moradores, quando sentirem que seus direitos foram violados. As reuniões do Comitê ocorrem todas as terças-feiras, no prédio da OAB, na Cidade Alta. "O assunto não acaba aqui, na verdade este é o ponto de partida".
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