Passei algumas horas off line, mas antes de me envolver em duas interessantes conversas profissionais, já estava mais que encaminhado o destino de #EjectJobim. O governo já deixara claro que esperava pelo seu pedido de exoneração.
Esse está sendo um rico episódio da história do governo Dilma. E é capaz de eu voltar a dar meu apoio à presidenta. Não apenas pela exoneração de Jobim, sobre quem quero falar mais detalhadamente em outro post, ou pela nomeação do ex-chanceler Celso Amorim (mais cedo, por volta das 16 horas, manifestara aqui que, apesar do favorito da imprensa ser o vice Michel Temer, eu torcia por Amorim).
A indicação de Amorim está alimentando o país de uma onda de idiotice generalizada na imprensa brasileira, quase suficiente para eu voltar atrás de minha postura crítica contra a presidenta que ajudei a eleger. Senão vejamos.
Toda a imprensa festejou em coro a postura que me parece um tanto moralista e quase udenista de Dilma com relação ao que aconteceu no Ministério dos Transporte. Do ponto de vista da comunicação, uma excelente estratégia, inclusive em imprimir a marca pessoal do governo, mas associada a outras atitudes, tudo me soou como um endireitamento mais explícito do governo. Falei sobre isso aqui mais cedo, quando introduzia texto que republiquei do Nassif.
Mas qual a reação sobre a exoneração do #EjectJobim, incompetente na compra dos jatos da FAB que enrola há mais de três anos, entreguista que passava informações a Washington e insubordinado que insultou o governo do qual fazia parte diversas vezes nos últimos dias? No mínimo chamaria essa reação de esquizofrênica. Vou ficar somente nas análises do UOL.
O genial cientista político David Fleischer, da UNB, diz no UOL que a saída de Jobim é mais uma queda de um lulista que estava a contragosto da presidente. Espere um pouco. Jobim, ex-ministro de FHC, eleitor de Serra em duas eleições, indicado ao STF pelo ex-presidente FHC, renunciado ao STF com a esperança de ser candidato a presidente em 2006, filiado ao PMDB, era lulista no governo? Lulista? E, por consequência, podemos imaginar que o genial Fleischer considera que o ex-chanceler Celso Amorim, responsável pela exitosa política externa do governo Lula, filiado ao PT, é menos lulista? Diz o UOL: Para ele, aos poucos, a presidente está se livrando de pressões e influências do ex-presidente Lula. "Ela está se livrando de lulistas no governo. Está se tornando um governo com a marca registrada de Dilma Rousseff", afirma o professor. Amorim representa menos o governo Lula que Jobim? Que ginástica analítica foi essa para justificar uma posição ideológica e passar o claro recado do PIG de que não aceitará um retorno à posição de empoderamento internacional do país conquistada sob a dupla Lula-Amorim. O texto mostra que o maior inimigo ainda é Lula, não Dilma.
A excelente analista Eliane Cantanhêde afirma que Jobim era um excelente ministro: "Ele estruturou o ministério da Defesa, criou a estratégia nacional de defesa e deixou todos os programas de reequipamento da Marinha, da Aeronáutica e do exército prontos", analisa a colunista. Como assim excelente? Tão excelente que não conseguiu fechar a compra dos caças, provocou constrangimentos ao governo do que se refere à política de direitos humanos (com sua oposição pública ao PNDH 3), à política de direito à memória com respeito à repressão dos militares na ditadura - que culminou com a polêmica do sigilo de documentos que, segundo ele, nem existem mais -, à Comissão da Verdade. Excelente? Para um PIG que defende interesses americanos e que estão vendo um dos principais informantes da Casa Branca ser destituído de seu posto e de seu poder.
O festival de pérolas ditas sobre a volta de Celso Amorim ao ministério teve como corolário a análise muito inteligente de Vera Magalhães, do Blog Presidente 40, da Folha/UOL. Vera cita a suposta mágoa de Amorim por não ter permanecido no cargo no governo Dilma, fala sobre a tentativa da presidenta de estabelecer sua própria agenda e equipe, distanciando-se do governo Lula através da troca certa de ministros indicados por ele. Aí, a pérola. Segundo Vera, a volta de Amorim ao tabuleiro contraria essa expectativa e denota a escassez de nomes para uma pasta de manejo complexo, como a Defesa. Quer dizer: para a jornalista, que certamente transmite esse sentimento do PIG e também do PMDB, que perde o cargo, Amorim foi escolhido por falta de opção. E a presidenta é uma adversária de Lula, sua opositora. Vera prossegue e encerra sua pérola, com sábias palavras:
Esse está sendo um rico episódio da história do governo Dilma. E é capaz de eu voltar a dar meu apoio à presidenta. Não apenas pela exoneração de Jobim, sobre quem quero falar mais detalhadamente em outro post, ou pela nomeação do ex-chanceler Celso Amorim (mais cedo, por volta das 16 horas, manifestara aqui que, apesar do favorito da imprensa ser o vice Michel Temer, eu torcia por Amorim).
A indicação de Amorim está alimentando o país de uma onda de idiotice generalizada na imprensa brasileira, quase suficiente para eu voltar atrás de minha postura crítica contra a presidenta que ajudei a eleger. Senão vejamos.
Toda a imprensa festejou em coro a postura que me parece um tanto moralista e quase udenista de Dilma com relação ao que aconteceu no Ministério dos Transporte. Do ponto de vista da comunicação, uma excelente estratégia, inclusive em imprimir a marca pessoal do governo, mas associada a outras atitudes, tudo me soou como um endireitamento mais explícito do governo. Falei sobre isso aqui mais cedo, quando introduzia texto que republiquei do Nassif.
Mas qual a reação sobre a exoneração do #EjectJobim, incompetente na compra dos jatos da FAB que enrola há mais de três anos, entreguista que passava informações a Washington e insubordinado que insultou o governo do qual fazia parte diversas vezes nos últimos dias? No mínimo chamaria essa reação de esquizofrênica. Vou ficar somente nas análises do UOL.
O genial cientista político David Fleischer, da UNB, diz no UOL que a saída de Jobim é mais uma queda de um lulista que estava a contragosto da presidente. Espere um pouco. Jobim, ex-ministro de FHC, eleitor de Serra em duas eleições, indicado ao STF pelo ex-presidente FHC, renunciado ao STF com a esperança de ser candidato a presidente em 2006, filiado ao PMDB, era lulista no governo? Lulista? E, por consequência, podemos imaginar que o genial Fleischer considera que o ex-chanceler Celso Amorim, responsável pela exitosa política externa do governo Lula, filiado ao PT, é menos lulista? Diz o UOL: Para ele, aos poucos, a presidente está se livrando de pressões e influências do ex-presidente Lula. "Ela está se livrando de lulistas no governo. Está se tornando um governo com a marca registrada de Dilma Rousseff", afirma o professor. Amorim representa menos o governo Lula que Jobim? Que ginástica analítica foi essa para justificar uma posição ideológica e passar o claro recado do PIG de que não aceitará um retorno à posição de empoderamento internacional do país conquistada sob a dupla Lula-Amorim. O texto mostra que o maior inimigo ainda é Lula, não Dilma.
A excelente analista Eliane Cantanhêde afirma que Jobim era um excelente ministro: "Ele estruturou o ministério da Defesa, criou a estratégia nacional de defesa e deixou todos os programas de reequipamento da Marinha, da Aeronáutica e do exército prontos", analisa a colunista. Como assim excelente? Tão excelente que não conseguiu fechar a compra dos caças, provocou constrangimentos ao governo do que se refere à política de direitos humanos (com sua oposição pública ao PNDH 3), à política de direito à memória com respeito à repressão dos militares na ditadura - que culminou com a polêmica do sigilo de documentos que, segundo ele, nem existem mais -, à Comissão da Verdade. Excelente? Para um PIG que defende interesses americanos e que estão vendo um dos principais informantes da Casa Branca ser destituído de seu posto e de seu poder.
O festival de pérolas ditas sobre a volta de Celso Amorim ao ministério teve como corolário a análise muito inteligente de Vera Magalhães, do Blog Presidente 40, da Folha/UOL. Vera cita a suposta mágoa de Amorim por não ter permanecido no cargo no governo Dilma, fala sobre a tentativa da presidenta de estabelecer sua própria agenda e equipe, distanciando-se do governo Lula através da troca certa de ministros indicados por ele. Aí, a pérola. Segundo Vera, a volta de Amorim ao tabuleiro contraria essa expectativa e denota a escassez de nomes para uma pasta de manejo complexo, como a Defesa. Quer dizer: para a jornalista, que certamente transmite esse sentimento do PIG e também do PMDB, que perde o cargo, Amorim foi escolhido por falta de opção. E a presidenta é uma adversária de Lula, sua opositora. Vera prossegue e encerra sua pérola, com sábias palavras:
Além disso, causa estranhamento a reabilitação de Amorim depois da guinada dada por Dilma à condução da política externa --principalmente no que tange às questões de direitos humanos --, que rendeu, inclusive, críticas do próprio ex-chanceler em entrevista à Folha em março.
Com essas reações tão ideológicas e tão extremadas tudo indica que a escolha da presidenta foi perfeita. Atendeu, inclusive, o anseio das bases sociais e políticas que ajudaram a eleger o governo. Pode ser um bom sinal de retorno às suas bases. Ainda é cedo, evidente. Ainda há recuos políticos e ideológicos que Dilma efetivou que ainda estão longe de serem desfeitos. Mas é sim um bom começo. A volta de Amorim e a volta do PIG.
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