Para Alisson Almeida, não há aproximação entre Dilma e FHC

Alisson Almeida publicou o texto abaixo respondendo a este meu texto. Bom momento para alimentar o debate.  Evidente que discordo das conclusões de Alisson, mas acho que não disse em meu texto que havia concretamente uma aproximação entre Dilma e os tucanos:

Daniel Dantas escreveu um post em resposta ao que publiquei logo abaixo desse aqui. Na verdade, mesmo sem citar meu texto, fez referências a ele, o que me leva a acreditar que seja uma réplica.

Daniel insiste na ideia da “aproximação” entre Dilma e FHC, argumenta que a intenção da oposição é minar a base do governo para se tornar determinante na definição da agenda política do país e sustenta, ao mesmo tempo que questiona, que a presidenta aceita ser pauta pela agenda midiática da “faxina” contra a corrupção.
Não sei a presidenta aceita ser pautada por esse tema, como disse Daniel. Não foi isso que ela disse em entrevista à revista Carta Capital. Dilma afirmou que não abraçaria a corrupção, mas ponderou que não seria pautada pela mídia. Não vejo nenhuma caça às bruxas em curso no governo. É o PIG que tenta vender essa tese para, repito, colocar governo e base aliada em rota de colisão, levando à perda da sustentação política da administração petista no Congresso Nacional.

“O governo se vê forçado a caminhar para o centro e assumir um discurso moralista e udenista“, escreveu Daniel. Faltam fatos que sustentem essa afirmação. Não entendo que a queda de Palocci (ex-Casa Civil), Alfredo Nascimento (ex-Transportes), Wagner Rossi (ex-Agricultura) e Nelson Jobim (ex-Defesa) seja suficiente para afirmar que a presidenta está numa marcha inexorável para o centro, empurrada pela pressão da mídia e da oposição. Como diz o ditado, cada caso é um caso.

Cada um deles, guardadas as devidas proporções, foram os arquitetos da própria desgraça. Caíram porque entraram em desgraça. Não havia como sustentá-los. O preço político disso seria alto demais. Dilma agiu como se esperava que agisse. Nenhum deles caiu por puro “denuncismo”. No caso de Wagner Rossi, por exemplo, a presidenta não o demitiu e, mais que isso, o defendeu dos ataques do PIG. Reclamou que o peemedebista merecia o direito da presunção da inocência.

Já comentei que a estratégia da oposição é se colocar como fiadora do combate à corrupção. Por trás dessa aparente preocupação com a agenda ética, o objetivo é inviabilizar o governo. O que não concordo, porque não enxergo nenhum movimento nesse sentido, é com os que dizem que a presidenta estaria aceitando o apoio dos demo-tucanos para sua “faxina”. Interpretar aquela foto do lançamento do Brasil Sem Miséria em São Paulo como símbolo dessa “aproximação” de Dilma com os tucanos é puro exagero.

Os apressadinhos esquecem que não se tratava de nenhum evento tucano, mas sim uma solenidade do governo federal com a presença de todos os governadores da região Sudeste, entre os quais dois apoiadores da gestão petista: Sérgio Cabral (RJ) e Renato Casagrande (SC). O meu amigo Daniel Dantas tem todo o direito de criticar a foto e as posturas do governo, só não pode enganar seus leitores recortando a foto e distorcendo a cena original.

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