Operação Sinal Fechado: Garibaldi enxerga longe

O ministro da Previdência Social, senador licenciado Garibaldi Filho (PMDB), disse à imprensa ontem que a denúncia do Ministério Público estadual contra os 34 acusados da Operação Sinal Fechado é grave. Disse o ministro que não cabe aos políticos tecer comentários para denegrir a imagem de ninguém, evidentemente se referindo aos ex-governadores Wilma de Faria e Iberê Ferreira, seus adversários políticos.

Mas Garibaldi enxerga mais longe. Afinal seu nome apareceu nas interceptações telemáticas que subsidiaram a petição inicial do MP. O decreto que subsidiou todo o processo que levou à necessidade da inspeção veicular e a consecução do esquema fraudulento é de 2002, quando o ministro era governador. Em um e-mail, George Olímpio diz isso ao lobista Alcides Nogueira. No e-mail, George destaca que a Lei que tramitaria na Assembleia, aprovando o esquema da inspeção, era fundamental porque autorizaria o regime de concessão. O próprio MP destaca que o regime de concessão para a inspeção não é obrigatório, mas, inclusive atendendo a orientação de Harald Zwatkoff, da Controlar de São Paulo, a organização se mobiliza para efetivar a concessão - assim, o recurso entraria diretamente para os envolvidos, sem sequer passar nos cofres públicos.

Um outro momento em que Garibaldi aparece com clareza nas investigações diz respeito ao momento em que o ministro era presidente do Senado Federal. Ainda na primeira fase da fraude, aquela que envolvia o registro dos financiamentos de veículos nos cartórios, através da articulação de João Faustino e de seu genro Marcus Procópio, Garibaldi recebe um grupo, liderado por George Olímpio, que tenta intervir na Medida Provisória em discussão no Congresso. Querem, inclusive, que seja designado como relator o ex-senador tucano Tasso Jereissati (CE). Em 8 de novembro de 2008, Marcus Procópio faz um relato a João Faustino, que era suplente de Garibaldi e, àquela altura, atuava como subchefe da Casa Civil do governo tucano de José Serra em São Paulo. Em seguida, orienta em outro e-mail como George Olímpio deve se comportar na audiência.










Os meandros da Operação Sinal Fechado, inclusive suas relações com as investigações da Pecado Capital, são profundos. Difíceis de serem facilmente elucidados. Mas não são o suficiente para justificar algum silêncio cúmplice que vemos por aí.

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