Operação Sinal Fechado: Roberto Guedes apresenta defesa prévia de José Agripino

De volta Roberto Guedes:
Aviso de Paulo desviou Agripino do "Sinal Fechado"
Examinando excertos dos relatórios de investigações vinculadas à operação "Sinal Fechado", advogados ligados ao senador José Agripino Maia, presidente nacional e regional do Dem, passaram a atribuir ao colega Paulo de Tarso Fernandes, ex-chefe da Casa Civil do governo do Estado, o não envolvimento do parlamentar com o esquema de corrupção que grassava no Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Contam que no início do ano, quando Paulo de Tarso era o auxiliar plenipotenciário da governadora Rosalba Ciarlini, o advogado George Olímpio, líder do grupo que pretendia explorar a inspeção veicular no Rio Grande do Norte e com este propósito andava molhando mãos, reclamava porque não tinha acesso a ele e terminou recorrendo a José Agripino.
O parlamentar telefonou para Paulo de Tarso, pedindo-lhe, sem entrar no mérito, que ouvisse George. Dias depois, Paulo de Tarso ligou para José Agripino, dizendo que a conversa versou sobre a intenção de viciar o processo administrativo relacionado à inspeção veicular e recomendando que não se envolvesse. O parlamentar se surpreendeu, agradeceu a atenção e principalmente o cuidado demonstrado pelo amigo e disse que não mais iria interferir pela empresa.
Só que não existem tais "excertos".  Aliás, para mim, há muito indício de que José Agripino esteve envolvido em defender o Consórcio Inspar - e a se julgar pelo que chegou de informação, o senador contra quem teriam sido levantados indícios e evidências bem poderia ser ele.
Alguns dias atrás eu publiquei o trecho que republico a seguir.  Agora em diálogo com a defesa prévia de José Agripino apresentada por Roberto Guedes, com algumas outras observações.  Em primeiro lugar, há uma relação estabelecida nos autos entre a participação de José Delgado como advogado do Inspar e o apoio de José Agripino - a reunião, por exemplo, combinada nos telefonemas aconteceria no gabinete de Agripino.  Delgado já era advogado do grupo antes disso.  Prova isso o e-mail enviado a Cassiano Arruda, que o próprio jornalista enviou para mim e eu publiquei aqui.

A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) anunciou o cancelamento do contrato entre Detran e Inspar na tarde do dia 9 de fevereiro, mas os integrantes da quadrilha já sabiam, desde o final da manhã, que "a ordem é para mandar cancelar".



Eduardo Patrício diz a George, então, que a solução possível é "seguir com José [Agripino]".
Além disso, George está embarcando para Brasília para uma reunião com o senador. Cerca de duas horas depois de George dizer a Gilmar que estava indo a Brasília, João Faustino diz a George que falou com José Agripino "e este iria ligar para Governadora e para Paulo de Tarso". A reunião entre George e José Agripino, com o advogado José Delgado seria às 18h no gabinete do senador em Brasília.
José Agripino, o senador "probo", intercedeu em favor do consórcio Inspar. Chegou a ser noticiado que o consórcio havia contribuído com R$ 700 mil na sua campanha. Falei sobre issoaqui.


Os promotores do Patrimônio Público descobriram que a organização criminosa repassou R$ 140 mil para o denunciado Eduardo Patrício, que na transcrição acima afirma que agora restava seguir com José Agripino. Aí a Delphi Engenharia, empresa de Eduardo, repassou, em três parcelas, R$ 150 mil para a campanha de Wilma de Faria. O Ministério Público acredita que essa tenha sido uma triangulação para que o consórcio doasse à campanha de Wilma.


Com base nessa informação, é possível supor outros desdobramentos. Se Iberê recebeu R$ 1 milhão do esquema fraudulento, como revelam as escutas, o dinheiro deve ter seguido para a campanha. Pode ter entrado para caixa dois, mas provavelmente a entrada nas contas de campanha deve ter sido legalizada.


Nas prestações de contas do PSB e de Iberê há apenas uma doação cujo valor é R$ 1 milhão. (clique nas imagens para ver maior).



Será que houve triangulação semelhante nas doações?


Como mostrei no post de dois dias atrás, entre os dias 13 e 22 de setembro há uma movimentação intensa nas contas do DEM e do senador, envolvendo um valor muito próximo aos R$ 700 mil e uma construtora:

Observação: Acima, onde se lê "setembro de 2009", leia-se "setembro de 2010"

Aí você pode voltar algumas linhas e perceber que em gravação do dia 05 de outubro de conversa entre Alcides e Marco Aurélio. Ali, Marco diz que o governo do estado quer negociar mas tem Marcos Rola, da EIT, por trás, atrapalhando. Além disso, basta lembrar, também, que José Agripino tem uma relação antiga com a empresa de quem foi engenheiro, antes de se tornar prefeito biônico de Natal no fim dos anos 1970.

O engraçado é que todos que foram previamente defendidos por Roberto Guedes, na Internet, até agora, aparentemente tinham uma parcela considerável de culpa no cartório.  Por exemplo, Guedes publicou defesa de desembargadores aqui, mas em seguida ficamos sabendo que contra pelo menos um deles houve provas suficientes que ensejassem uma representação formal no CNJ.  Com José será semelhante?

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