Por Conceição Lemes
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/grupo-de-nicolelis-publica-25-trabalhos-em-18-meses-apagao-cientifico.html
No último domingo, o jornal O Estado de S. Paulo publicou a reportagem Instituto de Nicolelis enfrenta "apagão científico" . O alvo é o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Duke University (EUA), e que, desde 2004, dirige no Brasil o Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IINN).
A matéria afirma:
No último um ano e meio, desde o "racha", Nicolelis publicou 13 trabalhos científicos, segundo os dados disponíveis no seu currículo Lattes. Em 12, ele é o único autor afiliado ao IINN. Dentre os vários coautores estrangeiros que assinam os artigos com ele, 5 fazem parte da lista de 31 colaboradores internacionais anunciada por Nicolelis em agosto de 2011, mas seus créditos não mencionam afiliação ao IINN – apenas à Duke. Considerando a ausência de Nicolelis em Natal, muitos cientistas questionam se alguma parte dos trabalhos foi produzida no IINN.
O "racha" refere-se à saída, em julho de 2011, de pesquisadores, técnicos e alunos do projeto. A matéria diz que, "desde então, o IINN não publicou nenhum trabalho científico novo".
O professor Nicolelis é um dos pesquisadores brasileiros com maior produção científica. É também um dos com mais trabalhos publicados nas mais prestigiosas revistas científicas internacionais.
Só que qualidade de ciência produzida — todo cientista sabe disso — não se mede exclusivamente pela quantidade de trabalhos publicados. Há anos em que se publica e anos que não. Albert Einstein é a prova.
Além disso, exigir que uma nova equipe de pesquisadores publique trabalhos no seu primeiro ano de colaboração não é razoável. Todo cientista sabe muito bem, também, que só o processo de revisão de um manuscrito por uma revista internacional leva de vários meses a um ano. Nesse contexto, a apresentação de 16 trabalhos em congressos nacionais e internacionais (veja a lista abaixo) demonstra objetivamente que o grupo está caminho de novas publicações.
De qualquer forma,segundo levantamento postado hoje no portal do IINN, a instituição publicou sete trabalhos nesse último ano e meio.



1. Toda vez que um trabalho de Nicolelis é publicado conta automaticamente para o Brasil e o EUA, já que ele é filiado ao Instituto Internacional de Neurociências de Natal e à Duke University.
2. Hoje em dia, devido aos avanços da internet, a colaboração científica entre pesquisadores se dá virtualmente o tempo todo; não é necessário o pesquisador estar pessoalmente, direto, na instituição.
3. A matéria do Estadão menciona que, em 2008, o professor Miguel Nicolelis foi um dos palestrantes do Simpósio Nobel, realizado em Estocolmo, Suécia. Omitiu a participação em 2011, cujo tema era justamente a sua área de pesquisa.
Os Simpósios Nobel, afora os prêmios anuais, são o evento mais importante da Fundação Nobel. São dedicados às áreas da ciência onde avanços estão ocorrendo. O de 2011 — 3M: Mente, Máquinas e Moléculas — aconteceu de 26 a 29 de maio. A palestra de Nicolelis — Princípios da Fisiologia do conjunto de neurônios e como podem ser usados para libertar o cérebro – foi no dia 27.
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